" Depois de vagabundear incerto algum tempo por outros países, esqueço-me de quem sou, quase (...) O meio que nos envolve é também um pouco de nós, seguramente." (Mário de Sá-Carneiro; A Grande Sombra)
quarta-feira, 18 de março de 2020
As singularidades da verdade
A imparcialidade da Verdade
"Em geral, quem a elas assiste ou sabe delas ingenuamente as interpreta pelos factos como se deram. Ora, nada se pode interpretar pelos factos como se deram. Nada é como se dá. Temos que alterar os factos, tais como se deram, para poder perceber o que realmente se deu. É costume dizer-se que contra factos não há argumentos. Ora só contra factos é que há argumentos. Os argumentos são, quase sempre, mais verdadeiros do que os factos. A lógica é o nosso critério de verdade, e é nos argumentos, e não nos factos, que pode haver lógica."*
O que sabemos sobre o presente, a não a interpretação que outros fizeram dos factos, contruindo uma verdade que assenta numa lógica de pensamento, que pode ser facilmente falaciosa.
Vivemos numa verdade deturpada, onde a singularidade se perdeu em prol de uma verdade colectiva.
Imagem retirada da Internet.
*Citação:
Ultimatum e Páginas de Sociologia Política. Fernando Pessoa. (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução e organização de Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1980. - 54.
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