terça-feira, 1 de novembro de 2016

Logos - Vazio

1 de Novembro
 
Edifícios devassados pelo tempo, habitados por vazios.
Quantos anos terão, quantas memórias de vidas passadas?
Portas desfeitas, intrusos que deixaram marcas. Uma passagem, um quarto escuro, uma cama de papelão, com poucos centímetros de espessura [que crueza] e a seu lado uma mesinha de cabeceira (ou criado mudo) [para quê?]; hábitos que perpetuam como significados enclausurados, quase inabaláveis do habitar, que revelam quem aqui se esconde [se abriga]. Afinal é uma Pessoa com um passado talvez similar ao nosso...

Palavras, frases quase mudas, rasuradas nas paredes vestidas de pó. Pensamentos ou perdições de quem aqui passou.
Cortinas de teias de aranha que parecem seculares, elas mesmas parecem não habitar mais neste lugar, tão vazio de vida.
O tempo parece mudo e os ecos longínquos; a madeira quase não se move; quantos anos se terão passado?
Não conheço a história, desvendo-a e adivinho-a nos registos esquecidos de quem já partiu.
Tal como estes edifícios, algumas pessoas apresentam-se assim num interior por vezes obscuro e de uma vazio desmedido.

[30-10-2016]

Sem comentários:

Enviar um comentário